terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Menina medrosa

Ela vivia assustada. Morria de medo de insetos, de elevador, de altura, de ser assaltada... Tudo era motivo para levar susto ou ficar em alerta. Qualquer barulho, por mais silencioso que pudesse aparecer, transformava-se em um trovão em seus ouvidos.

O sopro do vento também era suficiente para que a menina ficasse tensa, pois imaginava que seria um bicho pronto para te dar o bote. Dirigir, então, era algo bastante complicado. A qualquer momento poderia vir um assaltante, um motoqueiro ou um ônibus cortando o seu carro pela direita.

Na vida, ela não tinha sossego. Era medrosa, tensa. Seus ombros nunca descansavam. Carregavam todas as neuroses do mundo em um só corpo. Os olhos também eram incapazes de relaxar, mesmo à noite. Era só chegar às 22 horas, que o pânico penetrava em todos os seus órgãos, carregados por todas as veias existentes. Não podia ver a madrugada se aproximar, que era dominada pelo medo de descansar e de, finalmente, dormir. Ela não conseguia de maneira nenhuma fechar os olhos e relaxar. Assim, corria o risco de fugir dos temores e, quem sabe, encontrar um sonho belo. Este, sim, era o seu maior medo: superar todas as suas angústias e se perder no meio de toda transformação.