sexta-feira, 9 de março de 2012

"A noite estrelada", de Van Gogh


Era início de uma noite de sexta-feira de uma Nova York congelante. A temperatura estava entre 5 e 7 graus negativos. Nos arredores da rua 53 havia um calor humano, em uma fila que virava o quarteirão à espera da entrada gratuita em um dos principais museus do mundo, o MoMA.

Aos poucos, os seguranças distribuiam as senhas de entrada e, conforme, as pessoas adentravam o belo prédio, todos iam a caminho do quarto andar. Uma procissão subia as escadas, outra parcela esperava o elevador. Alguns, com o mapa em mãos, já estavam prevenidos e sabiam - exatamente - para onde gostariam de ir. Mesmo sem marcar encontro, todos se chocaram no mesmo lugar: em frente ao quadro "A noite estrelada", de Van Gogh.

Uma multidão estava ali, era o point do museu. Todos queriam presenciar a obra de arte; alguns faziam questão de seu momento ilustre ao lado de Van Gogh; outros não perdiam um ângulo do quadro e não davam descanso à máquina fotográfica.

E os outros quadros ficavam ali, meio perdidos, esperando um pouco de atenção. Afinal, todos têm seu êxito, sua perfeição, seu questionamento. Não é à toa que estão expostos no MoMA. Artistas como Frida Khalo, Pablo Picasso, Mark Rothko, Vincent Monet, Henri Matisse, Gustav Klimt, Marc Chagall e outra eternidade de gênios também estão nas galerias do museu.

Entretanto, inexplicavelmente, a multidão insistia em permanecer em frente à obra de Van Gogh. Talvez, aquela imagem esteja presente no inconsciente do público; a popularidade da obra faz com que todos tenham a necessidade de conferir se, de fato, ela existe. O real motivo que leva milhares de pessoas a marcarem lugar e a fazerem hora em frente ao quadro é desconhecido. A única certeza que se tem é que os aquecedores do museu não fazem nenhum efeito comparados ao calor do metro quadrado mais disputado de Nova York.