terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Le prénom / Qual é o nome do bebê?


Uma comédia sobre os laços familiares cai muito bem, ainda mais quando o filme explora os momentos mais simples das relações, como um encontro casual, e o desnuda em complexas camadas, sem perder a leveza - jamais!

A interação humana, os relacionamentos, até mesmo entre os mais próximos, estão sempre fadados ao fracasso. Não ao fracasso eterno, mas, sim, aos conflitos diários, às contradições, aos desgastes. Cada um tem o poder de interpretar a voz do outro da maneira que bem entender, a partir de suas singularidades. Assim, qualquer palavra, frase, brincadeira pode soar muito mal ao ouvido de alguns.

Desta maneira, uma simples piada sobre o nome do filho e o encontro para anunciar essa escolha acaba abrindo as cortinas para a desordem que há em toda a família, porém, que é - quase sempre - deixada de lado, tornando-se obscura. Um filme despretensioso, que se passa entre as paredes de um apartamento familiar explora o interior de cada um de nós.

É impossível não nos identificar com as dificuldades, incompreensões e falta de diálogo das relações entre os personagens. O ambiente familiar acentua - através da proximidade dos laços sanguíneos e uma certa intimidade entre os membros da linhagem - os defeitos dos homens. Na intimidade somos tão dramáticos, fechados em nosso próprio mundo, que mal conseguimos enxergar nossos irmãos. Assim, através do excesso, da discussão, do descontrole e do drama, "Le prénom" escancara a comédia da convivência humana. Afinal, problemas e diferenças todos nós temos, basta procurar a melhor forma de encarar as disparidades: o filme sugere de forma interessante o riso como saída.